Super Desapegada ou Ode ao amor próprio

sábado, 7 de maio de 2016

"Amar a si mesmo é o começo de um romance para a vida toda".
Oscar Wilde

A maioria das pessoas que conheço, acredita que não é possível ser feliz sem um relacionamento amoroso. Mas, todos os dias, ouço histórias sobre essas mesmas pessoas, revelando o quanto são infelizes em seus matrimônios, noivados ou namoros. Suas tentativas de acertar onde não há certo ou errado, apenas duas opiniões divergentes; suas dúvidas sobre o que fazer para agradar aquele que deveria simplesmente ser grato por estar ao seu lado; suas lágrimas por perceber que não há reciprocidade em um sentimento que norteia a sua vida.
A literatura muito contribui para essa visão romanesca da vida, como também nos alerta para os perigos de entregar seu coração de bandeja a alguém que não lhe retribui o amor do qual é alvo. 
Todas essas questões estão envolvidas no enredo de Super Desapegada, da Jaqueline de Marco. Confesso que desde que vi o catálogo da Draco Editora pela primeira vez, me interessei por esse livro, mas achava se tratar de um chick-lit leve e bem humorado, que poderia ler durante uma ressaca literária, para me curar. Ledo engano.
É sim bem humorado. Muito. A escrita da Jaque te um quê de Marian Keyes que torna impossível largar a leitura antes do desfecho e promove risos involuntários durante as presepadas e dramas de nossa heroína Raquel, uma mulher na casa dos trinta que trabalha como assessora de imprensa em uma agência e mantém um blog, o Super Desapegada, onde fala sobre desapego e motiva mulheres de todas as idades e lugares a buscarem a felicidade independente de um companheiro. 
Ela adora seu emprego, mas se sente explorada por sua chefe, que sabe que ela não recusa nenhuma de suas propostas e sempre a sobrecarrega de trabalho, porque sabe que ela dá conta, mas ao mesmo tempo, não lhe proporciona o reconhecimento devido, o que faz com que Raquel se sinta frustrada com sua vida profissional, mesmo tendo amigos fiéis e divertidos que a ajudam no dia a dia do trabalho. 
Apesar de agir como uma guru do amor próprio na web, na vida real Raquel tem um objetivo que lhe toma todo o tempo livre e não livre: sua paixão por Alan, seu melhor amigo desde que eram crianças. Há quinze anos Raquel nutre um amor intenso e puro por Alan, mas nunca se declarou esperando o momento certo chegar. Ela acredita que o momento finalmente chegou, com seu aniversário de 30 anos e decide que vai se declarar durante a comemoração que planejou. 
Mal sabe ela que seu suposto "melhor amigo" está envolvido com outra pessoa, que também faz parte do seu círculo de conhecidos da infância, Bianca irmã caçula de Eric, seu rival de infância, o garoto que sempre implicava com ela e que por puro acidente, contribuiu para que Raquel se apaixonasse por Alan.


"Permitir se apaixonar era a ação mais arriscada do ser humano. Algo que provocava imensos momentos de felicidade por motivos simples, um sorriso, um olhar, um elogio perdido em uma frase qualquer. Mas, por outro lado, um amor não correspondido podia gerar uma dor quase física, que tomava seu ar e escurecia não somente seus dias, mas apagava sua visão de futuro. Era um risco concedido"

Mas se pensam que Raquel desanima diante da notícia de que seu amor está comprometido, tenho que lhes informar que não. Essa é a gota d'água que faz o copo transbordar e Raquel decide ir à luta pelo amor de Alan, o qual ela acredita ter todo o direito. Afinal vale tudo no amor e na guerra, certo? Tanto que encontra em Eric, agora um bem sucedido empresário da área de tecnologia de jogos, o aliado perfeito para seu plano de separar o jovem casal antes que seja tarde demais. Durante essa aliança, ambos vão redescobrindo um ao outro, apesar da implicância continuar de ambas as partes, mas muito mais próximos do que eram quando crianças, misturando os sentimentos de juventude com os da vida adulta. Afinal, é como dizem, os meninos sempre implicam com as garotas de quem gostam.
Em sua jornada, Raquel passa por diversas situações hilárias, além de voltar às suas origens e rever momentos da infância e pessoas com quem ela havia perdido completamente o contato, o que provoca em nossa heroína uma mudança de sentimentos e comportamento. Principalmente com relação a si mesma.
Raquel é uma mulher adulta, independente financeiramente, mas infeliz com seu trabalho, com problemas de auto estima e em busca da felicidade que ela acredita que só existe se tiver alguém ao seu lado. Não é tão diferente da maioria de nós, pessoas de verdade, que estão sempre em busca da felicidade em todas as áreas da nossa vida, principalmente emocionalmente.
Mas, a grande lição aqui é que a nossa felicidade não depende de estar ou não com alguém, assim como não é regra ser solteiro e explodir de alegria. A verdadeira felicidade vem de dentro, quando você olha para si mesmo e aceita a figura que vê, pois poucos são capazes de realmente se enxergar, e se aceitar como são.
Com uma linguagem fluida, mesclando momentos leves com cenas intensas, Jaqueline vai tecendo uma história da descoberta do amor próprio por uma mulher, que ainda tem sonhos de menina, mas que descobre em si a grande capacidade de realizá-los.


"Ser feliz requer esforço, já que a alegria muitas vezes está fora da nossa zona de conforto"

Sinopse: Raquel faz o maior sucesso na internet. Seu blog Super Desapegada motiva mulheres a se valorizarem e prega a autoestima sem a presença constante e essencial de um companheiro. Mas fora da web Raquel não é tão descolada assim e carrega há muito tempo um amor platônico por Alan, seu melhor amigo de infância. Em seu aniversário de trinta anos, Raquel descobre que ele está noivo de Bianca, a irmã caçula de Eric, seu rival nos tempos de escola. Para conseguir acabar com o casamento e conquistar de vez seu grande amor, a blogueira precisa se aliar ao sarcástico Eric. Porém logo ela começa a perceber que essa parceria pode render muito mais do que imaginava.
Super Desapegada é um divertido romance de Jaqueline de Marco. Entre momentos inesquecíveis e outros hilários que seria melhor esquecer, essa é a hora de Raquel aprender que, para praticar o tão estimado “desapego”, é preciso abrir seu coração para novas experiências… e quem sabe para um novo amor.
Jaqueline de Marco nasceu no litoral paulista. É jornalista e escreve ficção desde 2002, além de participar da comissão organizadora e corpo de jurados de diversos concursos literários na Baixada Santista.  Além de Super Desapegada, já escreveu A Dona do Cabelo Laranja e textos em antologias. Atualmente está escrevendo seu terceiro livro.


De Marco, Jaqueline. Super Desapegada. São Paulo: Draco, 2015.


Beijinhos
<3

12 comentários:

  1. Olá!
    Esse livro me toma a atenção desde quando o vi pela primeira vez. Gostei de sua leitura o que só me deixou mais curioso e com vontade de ler.
    Belíssima escrita e ótimos argumentos você tem.

    Diego, Blog Vida & Letras

    ~ Venha comemorar o aniversário do blog comigo: http://blogvidaeletras.blogspot.com.br/2016/05/9-anos-de-vida-letras-concurso-cultural.html

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    1. Obrigada Dih, se você o ler me conta o que achou ;)
      Beijoooo

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  2. Gih! Primeiro gostaria de agradecer a carta maravilhosa que enviou, responderei através do post mais para o final do mês (o post já está pronto, mas aguardando o ok pra publicar rs). Adorei a sua resenha, confesso que não tinha me interessado por esse livro, mas acho que estou mudando de opinião rs...

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    1. Ebaaaaa, estou ansiosa para saber o que achou rs.
      Se mudar mesmo de opinião e ler, me conta o que achou <3
      Beijoooo

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  3. Oi Gih!
    Quando vi esse livro nem me interessei, achei que era auto ajuda.
    Que bom que li sua resenha agora e me informei melhor! Parece ser uma leitura divertida, ao mesmo tempo que trás uma lição. Eu, pessoalmente, acho que só é possível ser feliz em um relacionamento quando estamos felizes com nós mesmos.

    Beijos,
    Sora - Meu Jardim de Livros

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  4. Oi Gih! Livro atualíssimo!! Especialmente pela parte do melhor-amigo-que-se-apaixona-por-uma-megera rs. O que seria do cinema e dos romances sem um (infelizmente real) enredo assim, né! O___o
    Sem contar esse subtítulo da Jaque: "o desapego às vezes vem com um novo amor"... TENSO! Porém verdadeiro rs
    Bjssss

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    1. Essa similaridade com a vida real que me fez adorar essa história Reb <3
      Beijoooo

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  5. hahahaahahaha nossa, estou rindo com essa história porque tem uma parte muito parecida com a minha rsrsrs
    O meu primeiro amor se chama Alan e era um amigo da época da escola, o meu melhor amigo hahahaha
    Eu já vi esse livro nas livrarias daqui de Campinas, mas nunca tive a curiosidade de folhear. Vou atrás depois dessa resenha.

    www.blogdahida.com

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    1. Como assim Hida? Senta aqui, vamos conversar hahahaha
      É uma delícia se reconhecer em uma história fictícia, eu pelo menos adoro <3
      Beijooooooo

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  6. Oi Gih ! Super desapegada é um livro muito aconselhável para quem deseja cultivar o amor próprio e ainda se divertir com a leitura. Adorei sua resenha, fez jus ao livro.

    Umparadoxoliterario.blogspot.com

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    1. Obrigada Anne!!! É de fato um livro muito bom sobre o tema. Beijooooo

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